quarta-feira, 22 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
12ª edição do concurso “A Arte de Ler e Contar Histórias”
Além de revelar novos contadores e leitores de histórias, o concurso busca difundir a leitura de obras da literatura e da tradição oral, contribuir para a formação de mediadores de leitura e, ainda, oferecer espaços de estudo e pesquisa para manter a tradição de ler, contar e ouvir histórias. Neste ano, o concurso está dividido em duas categorias: leitor de histórias para crianças/jovens e contador de histórias para crianças/jovens. Os interessados podem se inscrever em apenas uma dessas categorias. Em ambas, O candidato deverá, obrigatoriamente, ler ou contar textos da literatura ou tradição oral que já tenham sido publicados no mercado editorial.
A audição e julgamento dos candidatos ocorre em duas etapas. A primeira acontece na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, de acordo com um cronograma que será divulgado no dia 1º de outubro. Para a etapa final, que acontece nos dias 23 e 24 de outubro, serão classificados 10 candidatos por categoria. Os candidatos terão no máximo 15 minutos para a apresentação e não será permitida a utilização de trilha sonora, cenário e figurino. As Comissões julgadores do Concurso, designadas pela Fundação Municipal de Cultura, avaliarão os candidatos segundo os critérios de qualidade artística e literariedade da obra, adequação da narrativa ao público e as características comunicativas do candidato.
Premiação
Os três primeiros colocados em cada categoria, na avaliação da Comissão Julgadora, recebem uma premiação em dinheiro no valor de R$800, R$500 e R$300 respectivamente, além do certificado. O primeiro colocado de cada categoria, pela votação da plateia presente nas apresentações da etapa final, receberá como prêmio cinco livros de literatura e um certificado.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
ABSURDO - Artista africano impedido de entrar no Brasil em 23/07/10
Olá amigos!
Partilho o e-mail enviado por Benita Prieto.
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Boniface Ofogo Nkama (http://www.boniofogo.com/ ) nascido na República dos Camarões e radicado na Espanha desde 1988, nosso convidado para o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias (www.simposiodecontadores.com.br) que acontecerá na próxima semana, no Rio de Janeiro e em Ouro Preto, foi impedido de entrar no Brasil, no aeroporto de Confins/BH, pela Polícia Federal que alegou falta de visto, no dia 23/07/2010(sexta-feira),vindo de Madri em voo da TAP.
Ele havia estado com a Vice-Cônsul do Brasil em Madri, no dia 20/07, com toda a documentação e foi informado que há pouco tempo foi celebrado um acordo que dispensava o visto dos cidadãos camaroneses. Confirmando o e-mail que eu havia recebido do setor de vistos do Consulado do Brasil em Madri dizendo não haver necessidade, pois a carta convite de intercambio cultural era suficiente para sua estada no país, como turista, durante três meses.
Boniface embarcou sem problemas, mas ao chegar ao aeroporto de Confins/MG a Policia Federal não permitiu sua entrada. Embora ele tenha relatado toda a situação, mostrado os documentos, cartas, e-mails, seus livros, o programa do Simpósio de Contadores. UMA SITUAÇÃO HUMILHANTE E CONSTRANGEDORA.
Boniface me telefonou às 17 horas dizendo que às 19 horas seria DEVOLVIDO a Madri. Imediatamente liguei para a Polícia Federal do aeroporto de Confins perguntando o que poderíamos fazer. E eles me disseram que nada.
Recorremos ao serviço de imigração e o Ministério das Relações Exteriores enviou uma permissão para a entrada no país.
A Polícia Federal alega que a permissão chegou as 19h31 e o voo já havia partido as 19 horas. E novamente me disse que não se podia fazer mais nada.
ESSA ATITUDE É INACEITÁVEL. Boniface é um artista reconhecido internacionalmente e que já esteve em 18 países sem nenhum problema, inclusive no Brasil, em dois simpósios anteriores, e foi um dos protagonistas do documentário Histórias que gravamos aqui em 2005.
Estou envergonhada e preciso tomar uma atitude, pois tenho certeza que houve PRECONCEITO COM UM AFRICANO, POR SER NEGRO E ARTISTA.
Boniface é um artista excepcional, um contador de histórias, um intelectual, um mediador intercultural, um escritor. Vinha para o Brasil para estrear no Simpósio o documentário En Memória uma homenagem a seu pai, recentemente falecido.Ele é da etnia yambasa onde seu pai era rei e o detentor da palavra, um mestre da cultura popular.E Boniface por tradição agora representa na sua etnia o que foi seu pai.
Nossa primeira ação foi entregar para um advogado todos os documentos pedindo que Boniface seja trazido ao Brasil para o evento com todo o respeito e dignidade que merece. E com um pedido de desculpas do governo brasileiro.
A situação é lamentável nesse momento em que o Presidente Lula acaba de voltar da Africa para acordos de cooperação com esse continente que é o berço da humanidade.
E imaginem o que pode acontecer na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016 se as informações dos consulados do Brasil no exterior divergem das que existem no nosso país.
Peço a todos que nos apoiem enviando este email para sua rede de amigos e para todas as instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, que conheçam. E repliquem esse e-mail nos seus blogs e nas redes sociais.
Benita Prieto
Idealizadora e Produtora do Simpósio
e-mail : simposiodecontadores@simposiodecontadores.com.br
terça-feira, 20 de julho de 2010
Formatura dos alunos da Aletria
Montanhas de Histórias
terça-feira, 8 de junho de 2010
Quer aprender a contar histórias na sala de aula? Novo curso da Aletria
Preparar o educador para utilizar técnicas de narração de histórias como forma de incentivo à aprendizagem e à leitura, ampliando o seu próprio repertório literário. Esse é o objetivo do curso “Contar histórias na sala de aula”, que a narradora, pedagoga e atriz Sandra Bittencourt inicia no próximo sábado, 12 de junho, na Aletria. Professora: Sandra Bittencourt
Retirado de: http://www.aletria.com.br/noticias_abre.asp?id=1834 |
domingo, 6 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
A Festa no Céu
Todas as aves estavam alvoroçadas e alegres, preparando-se para o grande acontecimento: uma festa no céu. A bicharada que não voava se mordia de inveja por não poder ir. Festa no céu era um acontecimento, com seus salões dourados, tapetes de nuvem e luz de estrelas. A Tartaruga chegou a tentar voar com umas asas de taquara e couro de onça que amarrou ao casco.
Mas quem foi esperto mesmo foi o Sapo. Dizia a todo mundo que iria à festa e os bichos de penas davam risadas, não acreditando. E ele, muito quietinho, sem dizer a ninguém como pretendia chegar ao céu sem saber voar.
Na última hora, quando as aves se preparavam para partir, o malandro meteu-se dentro da viola do Urubu e viajou de carona, sem que ninguém suspeitasse de nada. Quando as aves viram o Sapo na festa, ficaram admiradas, perguntando como ele tinha conseguido.
Ele só queria saber de comer, beber e ... infelizmente, de dançar. Além de comilão era desajeitado na dança e quebrou uma porção de coisas. Logo, as aves falavam em "despejá-lo" lá de cima. Despeja, não despeja, o Sapo não quis correr o risco e se escondeu até o fim da festa, quando entrou de novo na viola do Urubu. Mas como tinha comido demais ficou pesado e, no meio do caminho de volta, o Urubu descobriu seu passageiro clandestino e disse:
─ Desta vez, compadre Sapo, você não escapa. Vou jogá-lo aqui de cima, para você aprender a não ser atrevido.
De nada adiantou implorar, protestar ou chorar. O Sapo despencou numa "queda livre" e veio se esborrachar cá embaixo, numa pedra. O Urubu, chegando logo em seguida, ainda fez gozação:
─ Ué, compadre! Já chegou? Veio rápido, hein?!
Claro que não teve resposta, pois havia pedaço de sapo para todo lado.
O Urubu que, afinal, tinha bom coração, voou para casa, pegou agulha e linha e, recolhendo os pedaços do Sapo, costurou-o todo direitinho.
"Acordando", o Sapo saiu aos pulos, sem nem agradecer o favor. Festa no céu, nunca mais!
É por isso que até hoje o sapo tem o corpo achatado e todo remendado.
http://www.casadocontadordehistorias.org.br/04.htm
CREDO DO NARRADOR ORAL
Creio no contador, como memória viva do amor e creio em seu filho, e no filho de seu filho, e no filho de seu filho, porque eles são a estirpe da voz, os criadores da terra e do céu das vozes: voz das vozes.
Creio no contador, concebido nos espelhos da água, nascido humilde, tantas vezes negado, tantas vezes crucificado, porém nunca morto, nunca sepultado, porque sempre ressuscitou dos vivos congregando-os a ser: xamã, fabulista, contador de histórias...
Creio na magia que na entrada das cavernas acendeu o primeiro fogo que reuniu como estrelas: o assombro, o tremor, a fé.
Creio no contador, que desde os tempos tribais a todos antecedeu para alcançar-nos por que é.
Creio em suas mentiras fabulosas que escondem fabulosas certezas, no prodígio de sua invenção que vaticina realidades insuspeitas, e também creio na fantasia das verdades e nas verdades da fantasia, por isso creio nas sete léguas das botas, na serpente que antes foi inofensiva galinha, e no gato único no mundo, aquele gato que ao miar lançava moedas de ouro pela boca.
Creio nos contos de minha mãe, como minha mãe acreditou nos contos de minha avó, como minha avó acreditou nos contos de minha bisavó e recordo a voz que me contava para afastar a enfermidade e o medo, a voz que recordava os conselhos entesourados pela mãe para passá-los ao filho;
— Não te desvies do teu caminho.
— Nunca faças de noite o que possas te envergonhar pela manhã.
Creio no direito da criança escutar contos; e mais, creio no direito das crianças vivas dentro dos adultos de voltar a escutar os contos que povoaram sua infância; e mais, creio nos direitos dos adultos desde sempre e para sempre de escutar contos, outros novos contos.
Creio no gesto que conta, porque em sua mão desnuda, despojadamente desnuda, está o coelho.
Creio no tambor que redobra, porque o que haveria sido do mundo se não tivesse sido inventado o tambor, se a poesia não reinventasse o mundo dentro de nós, se o conto, ao improvisar o mundo, não o reordenasse, se o teatro não desvelasse a cerimônia secreta das máscaras e por isso...
Por que creio, narro oralmente.
Creio que contar é defender a pureza, defender a sabedoria da ingenuidade, defender a força da indagação.
Creio que contar é compartilhar a confiança, compartilhar a simplicidade como transparência da profundidade, compartilhar a linguagem comum da beleza.
Creio que contar É AMOR.
Garzón Céspedes
quinta-feira, 3 de junho de 2010
quarta-feira, 2 de junho de 2010
A dentadura - Olavo Romano
Expedito acabou o curso de Medicina, tomou dinheiro emprestado, fez uma adaptação na casa do pai e montou lá o consultório. Logo descobriu como era difícil furar a concorrência dos velhos médicos da cidade.
Sentia uma vontade louca de arregaçar as mangas, meter os peitos, fazer nome. É, Maria Célia não podia esperar a vida inteira. Nem ele, Queria casar e não haveria de ser ali que ia progredir, cercado da má-vontade dos antigos médicos do lugar, com todo tipo de dificuldade para internar seus doentes e utilizar os poucos recursos da Santa Casa.
Escreveu para colegas de turma, procurou ex-professores, especulou o quanto pode e, afinal, tomou sua decisão: ia tentar a sorte bem longe de casa, num lugar desconhecido, a mais de quinhentos quilômetros de distância: Santana dos Coqueiros.
Lá também havia uma curriola dominado quase tudo. Mas o município era enorme, as cidadezinhas em volta vinham buscar recurso em Santana arraial passava meses e meses sem ver a cara de um doutor.
Expedito era disposto, não tinha hora para trabalhar. Começou a atender chamados na roça, de uma fazenda seguia para outra, mandavam portador vir buscar, costumava passar quase um mês sem aparecer na cidade. Voltava dessas andanças com os bolsos cheios de dinheiros e a alma repleta da gratidão dos fazendeiros, sitiantes e agregados.
Uma tarde, Expedito atendia em seu consultório na Santa Casa, quando parou na porta um caminhão. De dentro, saltou um homem de meia idade, aflito, gesticulando, fazendo sinais. Tinha engolido a pequena dentadura de quatro dentes, a chapa ou perereca, conforme usavam chamar.
O Jovem médico recebeu o inesperado cliente com atenção e tratou de acalmá-lo. Na verdade tentava era acalmar-se e, espichando conversa com o homem e seu acompanhante, pensava num jeito de sair daquela enrascada.
Mandou o cliente sentar e explicou que precisava aplicar nele uma anestesia perto da garganta, assim podia trabalhar à vontade, sem sacrificá-lo. Ficasse sossegado, ia ver como dava certo.
Enquanto isso esterilizava uma pinça uterina, era o que tinha à mão.
Deu uma tapinha no ombro do cliente e perguntou:
- Firme, seu Raimundo?
Ele fez que sim com a cabeça. Expedito falou:
- Então vamos agir, não é? Fica tranqüilo, tudo vai dar certo.
Meteu a pinça goela abaixo, o pobre homem no maior pavor, o médico acalmando-o e se acalmando, foi a pinça toda. Mexeu, mexeu, não conseguiu alcançar a dentadura. Era muito curta a tal pinça.
- É, seu Raimundo, assim acho que não vai dar não.
Depois, confiante
- Mas fica firme aí que a gente resolve isso agora mesmo.
O Segundo recurso foi um arame grosso, dobrado na ponta e esterilizado. O arame foi, esbarrou na dentadura. Parecia que ela vinha, mas ... nada. Na hora “h”, escapulia.
Médico e cliente suavam
- Vamos descansar um pouco?
O cliente fez um gesto, como se dissesse:
- O senhor que sabe.
Expedito decidiu:
- Enquanto o senhor repousa um pouco, vou ali na farmácia e volto já.
Antes de sair, garantiu:
- Precisa te medo não, resolvemos isso agorinha mesmo.
O cliente fez um gesto resignado. Não respondeu nada.
O velho Benedito, da farmácia, era prestimoso. Ouviu o médico com atenção. Sempre ouvia. Gostava do jeito determinado do rapaz. Foi lá dento e voltou com um tira-níquel.
- Quem sabe isso aqui?
Expedito olhou aquela haste comprida e forte, a ponta virada e respondeu:
- É, acho que desta vez resolve.
Voltou direto ao consultório. Lá esterilizou o tira-níquel, esperou esfriar e o introduziu pela garganta abaixo do cliente. Logo sentiu que a ponta esbarrava na dentadura. Tateando, fisgou-a. Experimentou para ver se estava presa e foi trazendo. Todo cuidado era pouco. O olho no olho do cliente, o tato aguçado, era como se todos os sentidos estivessem na ponta do tira-níquel. Expedito suava de empapar a roupa. Quando a dentadura chegou na entrada do esôfago, seu Raimundo deu um vômito, mandou-a longe.
Levantou os braços, num gesto de oração e gritou a plenos pulmões:
- Graças a Deus!
Ao lado do consultório, o capelão da Santa Casa interrompeu a confissão da Irmã Gertrudes, e disse:
- Olha lá: o Expedito arrancou a dentadura do homem!
Copiado do site: http://www.descubraminas.com.br